terça-feira, 29 de maio de 2012

Saudades!


No dia 24 de maio deste ano corrente, estando em Estância (minha terra natal), após o jantar, convidei meu pai para vermos a lua na frente da casa. Meu pai está numa cadeira de rodas após um derrame isquêmico, e a coisa que ele mais gosta é apreciar a beleza da lua, todos os dias ele pede para ver a sua querida amante. Com certeza meu pai e Mario Quintana comungam do mesmo pensamento “... "Mas que haverá com a lua que sempre que a gente olha é com um novo espanto?..."

Passando da poesia para o momento de apreciação aos encantos da lua, pedi a minha sobrinha que trouxesse uma cadeira para mim e comentei que naquele momento estava sentindo saudades do meu irmão (falecido há dois anos), pois ele adorava também sentar a porta da casa para conversar com os transeuntes.

Meu pai perguntou o que foi eu tinha falado. Repeti o assunto e perguntei se ele sentia saudades do meu irmão. Ele respondeu que não.

-Como não, meu pai, o senhor não sente saudades do seu filho?

Verdadeiramente ele responde:

- Como posso sentir saudades de um filho que só desejava meu mal, minha morte?

-  É verdade meu pai. Mas o senhor é crente e a bíblia manda que a gente perdoe, não é verdade? E o senhor também sabe que ele tinha problemas com o álcool.

- Sim, minha filha, isso tudo é verdade! Eu já perdoei seu irmão por tudo que me fez, mas não sinto saudades dele.

- Nem um pingo?

- Nem um pingo.

- Na sua parte o senhor tem razão meu pai, mas eu sinto falta dele e muitas saudades!

E continuamos em silencio,admirando a bela e resplandecente lua, eterna enamorada do meu velho pai.


Ps: Meu irmão desenvolveu um ódio sem explicação por meu pai que só a espiritualidade explica.

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